Seja a pessoa que acredita que vai dar certo.
- Munira Kadi
- 28 de jun.
- 2 min de leitura
Na psicologia, a crença de que algo pode dar certo não é apenas otimismo, é um movimento interno de reconstrução. Quando uma pessoa acredita, ela não está negando a dor, o trauma ou o fracasso. Ela está, apesar de tudo isso, optando por continuar construindo, acreditar que vai dar certo é um ato de coragem.
É enfrentar a dúvida com a mão trêmula, é caminhar mesmo quando o chão parece instável. É dizer ao passado: “eu te ouvi, mas não vou mais viver apenas por sua voz”.
Em um mundo que muitas vezes reforça a desistência e o cansaço, acreditar é um ato subversivo. A psicologia não romantiza a superação, mas reconhece o valor psíquico de pequenos atos de fé em si, nos vínculos, na possibilidade de recomeçar.
Seja a pessoa que, mesmo desacreditada, escolhe plantar, porque às vezes quem acredita que vai dar certo não é quem tem todas as garantias, mas quem tem uma raiz de esperança crescendo no silêncio.
E isso... já é um começo.
Essa escolha de seguir mesmo sem certezas tem nome na psicologia: resiliência. Mas ela só nasce em ambientes onde, em algum momento da vida, houve um mínimo de afeto, um olhar que disse “você pode”. Mesmo que tenha sido raro, mesmo que tenha sido rápido. A boa notícia é que a psicoterapia pode oferecer esse ambiente de reconstrução.
Muitos pacientes chegam ao consultório sem acreditar mais. Alguns perderam a fé nas pessoas. Outros, em si mesmos. E isso não os torna fracos, os torna humanos.
A escuta psicoterapêutica, nesse contexto, não é uma fórmula mágica. É um espaço onde o caos pode ser nomeado, onde a dor pode deixar de ser grito e virar palavra. Onde a história não precisa ser bonita, mas pode ganhar um novo sentido.
Acreditar que vai dar certo, portanto, não é um slogan motivacional. É um processo interno que pode (e deve) ser respeitado. Às vezes lento, às vezes cheio de recaídas, mas ainda assim, possível.
Seja a pessoa que acredita que vai dar certo. Mesmo com medo. Mesmo depois de tudo. Mesmo sem saber exatamente como.
Porque há dentro de você uma parte que nunca desistiu de verdade. E é ela que a psicologia quer reencontrar.


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